sexta-feira, novembro 04, 2005

À minha paixão que foi primeira,


...eu era menina-ladina-risonha, de tranças enfiadas nos bolsos da bata da escola, quando me apaixonei.
Foste a minha primeira paixão, sei-o hoje. Há quanto tempo, penso, se tempo se mede em dias e meses e anos e depois em vida.

Vi-te assim, ao longe, gracioso. Nem sei se alguém mais reparou, mas eu só tinha olhos para ti. Estavas por trás de uma janela. Não foi o teu aspecto nem o porte. Não. Foi o teu nome que eu ouvi, soletrei, li, decorei. Tinha-lo colado na pele e eu fiquei cativa. Ficava-te tão bem o teu nome, ainda hoje o sinto.

Adormecia a pensar em ti, acordava a dizer o teu nome baixinho no meu pensamento. Queria tanto ter-te ao pé de mim. Não sei se reparaste alguma vez em mim, não sei se te apercebeste o quanto te tinhas tornado importante.

Um dia ganhei coragem e toquei-te. De leve, com a ansiedade que me ia no coração e me fez tremer e corar. Voltei ainda uma e outra vez. Ficava ali, embevecida, olhando-te, apenas olhando. Por ti, teria cortado as tranças…

Definhei em vontade de te ter junto a mim. Por isso quando me perguntaram que mais queria no mundo, eu baixei os olhos e respondi audaciosa: quero aquele dicionário…
Outras paixões vieram e se foram, mas tu, tu serás sempre a primeira…