quinta-feira, outubro 27, 2005

a incomodidade de uma cor

para ti que te perdeste na minha memória,

estou louco, é verdade. aconteceu. a demência, essa trouxe-a o vento. esta manhã. aconteceu. por isso te escrevo. para que não ligues aos meus não-gestos. tenho vontades. muitas. mas outras. ( não cortar orelha alguma, como outros loucos, mas o braço, o direito. incomoda-me.)
vou sair. vou beber chuva. para diluir esta loucura de querer ser cor nova, entre uma papoila e um girasol, em aguarela. sempre em aguarela. por isso a chuva.
( não te dizia? loucura! loucura!)
queria tanto pintar-te, despida do eu , do teu, que me incomoda. como o meu braço direito. mas o vento, ah o vento trouxe-me a loucura e só sinto o movimento, do desenho do que não vejo.
não te vás embora, peço-te. isto passa-me. continua em mim. orienta-me.
já volto. talvez não em carta, mas em cor.
vou beber chuva. não esqueças. vou pintar-te nua de ti. nova. como a lua que brinca aos reflexos na lagoa e provoca mistérios e coisas outras de duendes ou fadas ( mas sem bruma que a cor é outra, é nova)
prepara-te. ou melhor deixa-te estar porque isto "do novo", mesmo para uma cor, só mesmo de surpresa. não há nada como um maravilhar surpreendido. eu gosto. mesmo louco.