quinta-feira, dezembro 08, 2005

tua

um impulso sem medida nem cor, quase febril arrastou-me palavras. letras dispersas, que se (des)formam num deserto. dunas vermelhas de horizonte. não consigo dizer. dizer-me o que sinto. o que não sinto. também. é este não sentir que me cega que me ceifa a seiva e se transformam em letras-duna. sede(s). os passos pesam. mais que nuvens. são passos raízes. sem árvore. tronco sem folhas. esta cegueira  que me entalha a alma. por isso escrevo-te esta carta. sem endereço. é carta tua. TUA. porque as letras são ninguém. porque as letras soam a voz da negritude de um deserto. eu já não falo. já não vejo. escrevo. pinto. o que não vejo. pinto-Te.