sexta-feira, julho 14, 2006

talvez não seja...( normal),,,talvez...

Não é normal, Eu sei (porventura, nem eu, o sou…), Dizia, Não é normal escrever cartas, a um cão, Sei-o ( disse-o já), mas hoje percebi que uma memória, é afinal,,, um fantasma, uma presença, um espírito, mesmo que seja a de um cão, ou de uma árvore, ou de coisa qualquer. Esta (presença) que me surgiu (hoje), acompanhou-me (no destempo de me perder no tempo) nos silêncios, das conversas sem fim, Escreveu comigo, páginas inteiras de apontamentos para um manual da serenidade, Ele dizia, e eu escrevia. Tinha linguagem só dele, codificada no brilho de uns olhos que não viam cor. Tinha nome esquisito. Pólo. Pólo não é nome de cão, é nome de Sentido, de lugar com sentido. (Só não lhe sabia qual, eu, porque ele sabia-o sempre).
Recordo dele,,, o fim.
Estranho este recordar, pesaroso de quem se arrasta na vida, esperando sereno na dor, o próximo passo, o ultimo passo,,, o passo do começar, Arrastava-se no existir, só para me fazer companhia, Insistia em não ir, porque o manual era (e é) só um esquisso desarrumado de apontamentos, disperssos...
Hoje apareceu-me, vagaroso, de olhar meigo, no silêncio da noite, Apareceu-me só para me olhar, como se tivesse medo que eu me esquecesse dele, porque para ele, o esquecimento é que está na origem da morte. Por isso me visita, por isso lhe escrevo cartas. Eu sei ( disse-o já) , mas preciso de o fazer, para não perder o sentir ( sentido?)…