terça-feira, junho 20, 2006

Carta, De chegar...

Escrevo-te, Hoje, Só hoje, Estive ausente, De mim, De ti. Não sei porque o faço, agora que cheguei, Só se escrevem cartas quando não estamos, Mas eu estou, Agora, Não sei por quanto. Sabes o quanto eu sou vagabundo de mim, Por isso sei que não estranhas só agora te escrever, Mas vi cousas outras que não tinha em mim. Vivi na inquietação da descoberta, Talvez por isso tenha perdido as palavras, Foram no entanto elas que me caminharam para o aqui, Para o hoje. (Letras-grão, letras-pedra, letras-que-desenham-o-caminho-de-volta, durante a construção do ir…)
Descobri cousas tão importantes que quase não ouso ver. ( ah como convivo mal com esta estranha cobardia de repintar a verdade em cores de aguarela!) . Dizia eu, dizia-te, eu, da descoberta, Imagina,tu que foi preciso viajar para tão de longe, de mim, para dar conta que só me era inteiro com a sombra, Logo eu que não gosto do escuro, porque quando me escondo no negro tenho a tendência louca de me por a sonhar. Foi preciso mergulhar-me para perceber que parte do sentir que me vivia no eu, estava precisamente lá. Na sombra.
Da próxima, levo-te, Comigo, Aprende-se cousas enormes! Até se aprende a ver cor na sombra que nos abraça o eu…
Recebe esta carta, que afinal nada diz, como um beijo.