sábado, fevereiro 11, 2006

Carta Nocturna II

Esta noite esqueço-me e parto para longe... Flutuo sobre as ondas num brilho de luar que entontece... moléculas de água... particulas suspensas na atmosfera... Transfiro o meu corpo para um sopro de vento que me leve...

Desculpa se a insonia me devolve a ti...

Esta noite sou a leve poeira que sobra de um sorriso, esse que resta no fim da tua gargalhada que mal notas que eu vejo e talvez nem notes essa poeira, resto de tudo... Por isso fixo no marulhar distante das águas que se aproxima da janela a incandescencia de te conhecer a voz.

Permito que a insonia me devolva a ti...

Enrolo-me esquecida no cobertor, esse que vem agasalhando a meterologia das estações que passam sem que estejas presente e o fundo de uma lagrima que aquece o rosto sem se deter por mais que o tempo necessário à sua descida. E é quente este cobertor, quando o coração tem a paciência de não se inquietar, e aquietar por momentos no momento languido de te sentir presente e constante...

Abro a janela, aperto o cobertor e o cigarro entre os dedos...

Esta noite esqueço-me e parto... no distante marulhar das águas que aqui chega... aproximando-se...

by Ar, 10 de Fevereiro, 06

Foto:
Emoções Fortes, de José Gama (1000imagens)