domingo, janeiro 22, 2006

Olhar...


Imagem daqui


Não sei bem quando foi que o meu olhar se abriu…
Apenas sei que havia um caminho: o céu, o mar e eu…
Íamos andando silenciosamente e nascia do ar uma música levezinha, feita do calmo encantamento do vento sobre os campos.
À nossa volta nasciam papoilas sorrindo.
Vinha ter connosco o perfume suave que fugia dos campos escondidos e dentro de mim, deslizava um grande mar de emoção.
Então eu descobri, o sorriso trémulo da papoila, mais leve que música embalada pelo vento…
E quando o sol tombou nos meus olhos cansados, de mansinho senti que em cada adormecer do olhar, há também um poente. Porque no pressentimento da noite, a luz quieta veio descansar no vermelho do entardecer, o brilho fugitivo e doce da tarde, na força pura das árvores solitárias, acompanharam-me na calma do mar que adormeceu no meu coração.
E quando a noite era já profunda, eu peguei na música do vento e no meu sonho e fiz daí um hino comovido ao mistério das estrelas que vieram chorar os seus desejos brandos sobre o mundo e dizer-me da esperança de Viver…

Há no meu olhar sorrisos de ternura…porque a vida é um oceano onde nos encontramos a navegar, porque é…

O sol que nos aquece
A noite bem dormida
A esperança que não morre
A força permitida
A magia que não esquecemos…

…e o sonho que ainda comanda as nossas ilusões…