domingo, outubro 15, 2006

quero





Não te sei nome, nem história, vagueias por aí no silêncio de um grito. Conheço-te na angústia da dor que não se ouve. Na verdade não tens nome, porque nome nasce na família e, se a tiveste, perdeste-a no silêncio do teu grito. Queria saber o teu nome. Temos o hábito animal de só chorarmos os nossos, e só os nossos tem nome e rosto, só os nossos não são número, e os números não causam dor. Só os grandes números incomodam, mas gritam em silêncio, e tu és apenas um, e não tens sequer rosto. Já ninguém vê o olhar que escondes na sombra do Mundo. Quero saber o teu nome, e os outros todos que o não tem. Quero olhar os teus olhos e todos os outros que já não tem lágrimas. Quero-o saber porque sou animal, e os animais só choram os que lhe são próximos.

Resposta em silêncio ao alquimista

e à Betty



fotografia original de Finbarr O'Reilly ( esta foto foi alterada por mim sem autorização do autor, o original, sem desfocagem será resposto caso o autor, ou quem o represente assim o manifestar)